Este é um blog de lamentações, comisserações, e possivelmente mais alguns "ões" à mistura... É proibida a entrada a quem andar de bem com a vida, sob pena de ficar em estado vegetativo, tal como estou nesta fase da minha vida...

Porque a vida é feita de momentos por vezes dolorosos e nem sempre estamos preparados para enfrentá-los...
Sábado, 30 de Junho de 2012

Vejo o mundo à minha volta a desabar...

Vejo tudo o que construi ao longo dos últimos anos a ruir...

Vejo-me num poço sem fundo a tentar em vão chegar à superfície...

Vejo tudo a desaparecer, os problemas a amontoarem-se, e pergunto-me:

Porquê lutar, porquê trabalhar, ser exemplar, correcta e justa?

 

Abandonei tudo por ti, sem olhar para trás, sem qualquer dúvida...

O amor tem destas coisas, mergulhamos de cabeça sem pensar.

Mas devia ter pensado, comigo arrastei a minha única e verdadeira família,

Aquela que está comigo, que me apoia, que me acarinha,

Aquela que não tinha qualquer obrigação, mas que hoje sofre comigo.

 

E dou comigo a pensar o que nunca imaginei ou ousei dizer...

Dou comigo a sentir-me grata por não estares cá a assistir à minha ruína...

Sei que sentirias-te culpada por isso, que nunca te perdoarias por teres causado este caos.

Não foste tu, foi a vida que assim o quis, fui eu e a minha incapacidade em deixar-te só,

Em abandonar-te...

 

Por tudo isso, sigo este caminho que se apresenta sinuoso e acidentado...

Se o meu amor por ti me trouxe onde hoje estou,

Estou certa que também me ajudará a chegar ao meu destino,

Sem mágoas, sem rancores...

Com Amor...

 

 

publicado por Abigai às 12:27

Terça-feira, 17 de Abril de 2012

O teu olhar...

Quando o teu olhar pousava em mim, naquele jeito que tanto te caracterizava, sentia-me viva, sentia-me existir.

Agora sinto-me perdida, sem sentido, sem direcção...

Perdi o meu pilar, a minha âncora e sinto-me afundar.

Às vezes parece que vou emergir, que estou a chegar a superfície e, de repente, algo me puxa novamente para o fundo.

Será sempre assim? Ou chegará o dia em que sairei definitivamente das profundezas?

Preciso desesperadamente que este dia chegue, este humor ió-ió, ora animada, ora deprimida, está a deixar-me arrasada.

Incompreendida por todos, mostro-me bem quando na verdade não estou e, quando exausta dou uma resposta torta, um olhar vazio, uma atitude repentina, sinto olhares pesados postos em mim, olhares de crítica, de condenação...

Perdi a orientação, a minha dinâmica e reajustei toda a organização familiar. Mostrei-me segura, competente. Mostrei-me à altura do desafio, equilibrada e independente, enquanto no meu íntimo tudo se desmoronava, ardia em lume brando e contínuo...

Lentamente os dias vão passando, sem uma palavra de compreensão, de reconhecimento, sem um olhar que me faça sentir viva, que me faça sentir existir...

 

 

publicado por Abigai às 14:12

Segunda-feira, 09 de Abril de 2012

Estava eu ainda a arrumar toda a confusão destas obras que visavam apagar a tua presença nesta casa que aos poucos começo a sentir como minha e lembrei-me. Lembrei-me o quanto gostavas de ver tudo arrumado, aprimorado, o quanto gostava de organização...

Não te vou deixar ficar mal, garanto-te. Como tu, gosto de ver tudo nos seus sítios, nos seus lugares, bem organizado, limpo e arrumado.

Olho em redor e penso que terias gostado das mudanças, teria gostado de ver estes novos espaços, a amplitude que a casa ganhou. Parece tudo maior, melhor, novo.

E a nova porta de entrada? Há quanto tempo ansiavas por ela? Sempre que saio ou entro penso em ti, em quanto desejaste uma porta nova, em todas as vezes em que falaste nisto, e tenho a certeza que terias gostado. Pena foi partires sem a ver, sem ter conseguido o que mais pediste e há quanto tempo!

Hoje, já se parece mais comigo, já me sinto no meu lugar, mas afinal não é isso que me prendia, pois não? Não melhorou por estar diferente, por apagar a tua presença nos lugares, nos móveis, nos quadros... Não estás nos bens materiais, pois não? Estás em mim, estás no ar... Continuas presente, continuas comigo... É claro que não quero esquecer-te, não te quero deixar, só queria apagar as últimas imagens e ficar com o melhor... Sei que o tempo irá ajudar, acredito que um dia irão ficar apenas os bons momentos, mas o tempo é longo e sinto-me obcecada, sinto-me assoberbada por estas últimas imagens, estes últimos momentos que corroem, que assolam um viver difícil... E sinto-me perseguida, abandonada, esquecida. Sinto que sem ti não existo e em todas as palavras ditas ou por dizer, vejo o quanto fiquei transparente, invisível aos olhos dos outros.

Quem mais se importa comigo? Quem mais tenta saber se estou bem, se preciso de alguma coisa? Quem mais me visita?

Afinal, será que existo sem ti?

Talvez família sejamos apenas nós, eu, o M. e o G. Talvez sem ti, tudo o resto se esfumou... Talvez falte conformar-me com isso, talvez depois tudo melhore... Talvez, mas não é isso que quero, não sei se consigo... Este vazio sufoca-me!

 

 

publicado por Abigai às 12:55

Sábado, 31 de Março de 2012

Quando a noite cai, sentada cá fora ao relento, naquele que já não é o teu terraço, desprovido das plantas e flores que tanto gostavas e cuidavas, as saudades apertam.

Saudades do tempo em que a tua ausência era simplesmente inimaginável.

Saudades da imagem de imortalidade que transparecia de ti.

Saudades dos teus reparos, da tua presença inabalável, dos teus improváveis e raros queixumes.

Saudades do teu rosto, da tua pele lisa e macia, poupada das habituais marcas do tempo e da velhice.

Saudades dos teus gestos lentos, atrapalhados, desajeitados pela fraqueza de uns ossos marcados pela idade e por uma vida de trabalho e esforço.

Saudades dos mal-entendidos, das conversas trocadas, das palavras truncadas por ouvidos cansados e surdos.

Saudades do teu carinho sempre adequado às circunstâncias, sempre transparente, sempre presente.

Saudades das tuas preocupações exageradas, aumentadas pelas cismas de um dia-a-dia fechado, preso a um corpo de cada vez mais inerte apesar da tua categórica renúncia em parar.

Saudades da tua força, da tua capacidade em mover montanhas, em nunca renunciar.

Saudades do teu amor transbordante, transparente, evidente e sempre presente.

Saudades de ti...

 

publicado por Abigai às 18:55

Sexta-feira, 30 de Março de 2012

Olhos inchados e vermelhos após um fim de dia e uma noite difíceis, olho para trás e não vislumbro sequer a caminhada que pensava já ter feito...

Afinal, parece que não saí do sítio apesar de olhar à minha volta e ver o quanto está tudo já diferente.

Os lugares mudaram, a disposição da casa está diferente, já nem parece a mesma, mas continuo a ver tudo tal como estava, a «ouvir» o som das bengalas pelo corredor fora, até parece-me ouvir a novela da noite apesar da televisão estar desligada.

Sinto que estou a falhar contigo, não cumprindo com os teus desejos... O fim está longe, o caminho é sinuoso e acidentado.

Queria libertar-me, respirar por fim... esta falta de ar está a prender-me, a desgastar-me...

Queria falar, deitar cá para fora este sentimento de impotência, esta dor trucidante mas não consigo...

Queria dizer ao mundo o quanto me dói, o quanto esta imagem do fim me perturba e assombra, mas as palavras não saem, fico muda e impotente.

Queria poder gritar, libertar-me.

Ficou tudo por resolver, ficou tudo para mim, sinto-me presa a um passado que me está a corroer lentamente, e não sei como resolver isso, não sei como desfazer-me do que resta, não tenho coragem de me impor, de exigir dos outros pelo menos parte das obrigações... Porque afinal, somos todos teus filhos, não somos? Por que motivo devo ser eu a única responsável pelo que deixaste, e ainda fiel depositária do que ficou? Porque que motivo devo eu ficar eternamente com a vida virada do avesso até que cada um decida se quer alguma coisa e quando? Até quando?

 

 

publicado por Abigai às 10:37

Terça-feira, 27 de Março de 2012

Há dias melhores, dias piores...

Hoje o dia começou bem melhor do que ontem. Acordar e ver a luz do sol entrar pelas janelas do agora meu quarto a irradiar paz e alegria - bendita primavera -, ajudou.

Abri os olhos e olhei em redor... quanto mais olho mais acredito que terias adorado estas alterações que aos poucos vou fazendo em casa. Sempre disseste que o que estava bem para mim, estava bem para ti, não foi?

Hoje olho para as saudades com ternura, em paz comigo e com carinho. Sinto a tua falta mas hoje, hoje sinto-me aconchegada.

Tomei o pequeno almoço e sentei-me no terraço... Claridade ofuscante, acariciada pelo sol, olhei em volta e, assim, percebi a grandeza do espaço, a magia do dia, a alegria que era para ti, pela manhã, dar os bons dias às tuas plantas, ao teu cantinho... As plantas já não estão lá, eu sei. Confesso que não tenho a tua paciência, os teus cuidados, e que, tentar mantê-las seria matá-las e tenho a certeza que não era este o destino que terias escolhido para elas... Dei-as a quem tem este teu jeito, esta tua aptidão para fazer de uma simples planta, um jardim.

Hoje percebi o teu apego pela casa, pelo espaço, pela tranquilidade que oferece.

Hoje senti-me bem por manter-me na tua casa.

Espero torná-la um dia a minha casa, mas hoje, não me senti incomodada por estar lá, hoje senti-me em paz.

 

 

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publicado por Abigai às 14:02

Segunda-feira, 26 de Março de 2012

Mais um dia de profunda tristeza. Confesso que não percebo... A cada dia que passa mais difícil se torna.

Hoje, talvez por ser o primeiro dia de trabalho da semana, talvez porque sim, hoje, estou sem concentração nenhuma, frente ao computador, quando devia estar a trabalhar, a projectar, a ser quem eu sou, hoje, nada consigo fazer...

Os olhos parecem querer fechar, a respiração parede querer suster-se, perco o controlo dos movimentos, não me apetece fazer nada.

Sinto-me inútil, sem forças, sem vontade.

Penso em ti a toda a hora, mas não consigo verbalizar, não consigo falar.

Talvez seja isso que me abafa, que me impede de ser.

Queria tanto ter a certeza que estás aí, algures, saber que estás bem, saber que me perdoas. Se pelo menos tivesse um sinal...

Sinto-me abandonada, só... tão só que até doi.

Quando ainda há bem pouco tempo, a casa estava sempre cheia, eu não tinha um momento para mim, um momento de descanso... e agora, agora estou só, sem notícias, sem ninguém, sem ti...

Não só eras o meu pilar, como também eras a união desta família. Sem ti, nada mais será igual.

Estou cansada de tudo, cansada das obras, cansada de tentar apagar a tua presença em vão... tudo muda, tudo passa mas no fundo, continuas presente.

Talvez seja a culpa, a culpa que sinto por ter permitido uma intervenção condenada à partida, ter-te infligido mais sofrimento. Talvez seja por isso que não tenho descanso, não tenho trégua. A julgar por tudo o que me têm dito desde então, não deveria sentir esta culpa. Sei que não. Sei que qualquer um de nós teria feito o mesmo. Mas não foi qualquer um. Fui eu... Fui eu que fiquei ao teu lado, a ver o teu sofrimento, fui que que fiquei a ouvir que não queria mais, que querias partir para junto do papá... Fui eu que fiquei a ver o teu olhar sofrido, implorando por um fim e esta imagem não me sai da cabeça, persegue-me, atormenta-me...

Preciso de sentir paz, apaziguar este sentimento sufocante...

Preciso de sentir que a minha família, a tua família, continua próxima, não se esqueceu de mim, que eu não era apenas um adorno, uma presença ao teu lado, que não deixei de existir por teres partido...

Porque bem lá no fundo, é isso que me atormenta... sentir que deixei de existir sem ti...

 

 

publicado por Abigai às 17:33

Sexta-feira, 23 de Março de 2012

A cada dia que passa, a dor é maior. Talvez ingenuamente pensava que melhoraria com o tempo.

Mas não.

Não melhora.

A concentração é difícil, a mente dispersa-se, inundada de recordações, saudades, culpabilidade também. Não consigo abstrair-me, pensar. As obras em casa iniciaram. Olho para o resultado, ainda longe de terminar e penso no que acharias. Quase juraria que ficarias feliz, contente por ver que desta vez irá ficar bem... quase. Falta-me a certeza, falta-me a tua opinião, falta-me ver-te a dar palpites como sempre fazias quando resolvíamos fazer obras ou modificações em casa.

Sinto-me perdida sem ti, sinto-me vazia. Habituei-me estes últimos anos a contar com a tua opinião, com o teu apoio.

Faz-me falta.

Mais do que tudo o resto, a imagem da tua agonia no hospital não me dá tréguas, não me dá descanso. Para onde quer que olhe, revejo vezes sem conta aqueles dois dias de aflição, de apoio insuficiente da minha parte, de não ouvir ou não querer ouvir o que mais querias, o que mais desejavas, de não querer perceber e aceitar o teu desejo...

Se ou menos a nossa mente fosse como um computador, uma máquina perfeita que permite apagar o que está a mais, apagaria estas imagens ofuscantes e ficaria apenas com os bons momentos, as alegrias, os sorrisos, os abraços sentidos, os mimos que tanto gostava de dar quando, à noite, ficavas só na sala a ver as tuas novelas...

Se ou menos tivesse a certeza que me perdoas...

publicado por Abigai às 14:03

Domingo, 18 de Março de 2012

Caminho sozinha rumo ao desconhecido, entre paragens de solidão e sofrimento, entre uma multidão ruidosa e incompreensível.

Caminho perdida e abandonada sentindo o peso do mundo, um pesar abafado, incapaz de pedir amparo, auxílio.

Caminho fechada, isolada.

Um pedido de socorro mudo, um apelo calado, uma falta de ar assustadora, umas trevas sem fim...

 

 

publicado por Abigai às 11:00

Sábado, 17 de Março de 2012

Uns 85 anos bem vivido...

 

 

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publicado por Abigai às 12:33

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Olá Teresa, talvez seja por ter por quem lutar que...
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Olá Anabela. Nem sempre é fácil conseguir fazer a ...
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